Estou cursando publicidade e propaganda com orgulho e acredito no meu presente. Acredito que as agências estão se adaptando para a realidade, onde o público recebe milhões de estímulos publicitários por dia e que sabe da sua importância para o mercado. Ontem o consumidor era passivo, aceitava tudo e seguia cegamente o que a publicidade apresentava. Hoje não. Hoje ele quer saber como é esse “universo”, de onde vêm todos esses processos e como funcionam, para aí sim respeitar o que estes profissionais têm para dizer. Comunicação hoje se faz no dia-a-dia, em cada anúncio, em cada vt e em cada cartaz, com relevância e conteúdo. E isso é o mínimo que os publicitários têm que fazer para conquistar o respeito do consumidor. Têm que mostrar para o cliente que essa ou aquela estratégia é melhor do que simplesmente ignorar o seu produto, provar para ele que a propaganda é sim a alma do negócio e que esses profissionais vão saber como cuidar da marca dele.
Ao contrário do que uns e outros dizem sobre a minha futura profissão e sobre os profissionais que já atuam no mercado há muito tempo, essa é a hora de nos unirmos e brigarmos por nossos direitos. E chega desse papinho que o sobrinho do fulano faz por menos. Será que a Coca-Cola seria o que é hoje sem a propaganda? E a Bombril? Óbvio que não! Mérito dos publicitários que de dia tem que saber como funciona o OB e logo depois são experts em vender automóvel para homens, já que para o cliente não tem essa de não saber como o produto dele funciona. Tem que divulgá-lo bem, com a verba que é dada e no tempo que eles não vão ter. E essa é a vida de um publicitário, com glamour sim, com status sim, mas com muito trabalho, muita noite em claro a base de pizza e mais uma vez, muito amor.
O problema é que o curso de publicidade virou modinha. É triste falar isso, mas o jovem que sai do cursinho e ainda não tem certeza do que quer da vida, acaba marcando um x em Publicidade e Propaganda. “Ah, publicidade é tudo jogado. Beeem susse. Só diversão!”. E dá-lhe papai pagando a faculdade. E dá-lhe filhinho pagando bera no bar. Só que o mercado de trabalho em publicidade é um dos mais cruéis do mundo - muita gente não imagina como pode ser difícil, espinhoso e estressante ter idéias novas, originais e vendedoras o tempo todo. Por isso que a gente vê tanta porcaria por aí. Mas também vê muita coisa legal, que nos faz rir, se emocionar ou apenas pensar. Além disso, algumas intervenções de publicidade são tão bacanas que geram um ótimo buzz (afinal esse é a proposta) ou ficam para sempre na memória. É bom ficar na memória das pessoas, mas de que jeito? E com que impressão? Se fosse algo único, acho que teríamos a fórmula mágica da criatividade para qualquer anúncio. Mas não é receita de bolo. Admiro as agências de publicidade de ter hombridade em chutar o balde algumas vezes, em algumas campanhas, mas é algo que não dá pra calcular onde o balde vai cair. É como se eu fosse pra uma festa com uma roupa berrante só pra ser a coisa mais comentada da noite, sem saber se gosto ou não dos comentários. Mas publicidade é isso, é se arriscar também. Isso é mais um comentário de que a gente não sabe onde os publicitários vão parar com tantos anúncios engenhosos. O problema é mostrar a quem já está acostumado a receber papinha na boca que as coisas podem ser diferentes. É um mercado de tentativa e erro. Alguns acertos e muita lição aprendida. Algo até saudável, ninguém aprende a andar sem cair. Mas dá muito pano pra manga em discussão.
Por isso, quando me perguntam para quê serve o publicitário eu digo, em alto e bom tom: Publicitário não serve, publicitário é. Publicitário vive cada momento apaixonado pelo que faz, publicitário é tudo de bom.
(texto da aluna Andréa Lis Muceneeki - http://muceneeki.blogspot.com/ - p/ a disciplina de Redação Publicitária, do 6o. semestre de PP)