quarta-feira, 3 de novembro de 2010

La Blogotheque e seus takeaway shows

O blog francês La Blogotheque, a exemplo de muitos outros, ingressou em 2006 na onda dos podcasts; mais especificamente, dos videocasts. Sendo um blog musical, nada mais propício. Desde então, toda semana a Blogotheque produz e disponibiliza na internet um chamado takeaway show, que em cada episódio traz uma banda diferente fazendo um show deveras minimalista. Nossa idéia é capturar instantes, filmar a música exatamente como ela acontece. Sem preparação, sem truques. Espontaneidade é a palavra-chave, como é esclarecido no editorial do site.

Os artistas escolhidos são provenientes das mais diversas localidades, tocam os mais diversos ritmos e têm em comum, creio eu, só o fato de terem gravado os tais takeaway shows mesmo. Dentre os que integram o arquivo do videocast, alguns destaques: Grizzly Bear, Phoenix, The Kooks, Arcade Fire, Vampire Weekend, Animal Collective, Yeasayer, REM, Sigur Rós, Jason Mraz, Bloc Party, entre outros.

The Kooks - Ooh La

A banda toca para um público relativamente grande numa escola parisiense, que notoriamente conhece bem a música dos jovens Kooks.

O que talvez seja a característica mais impressionante é que a formação original de muitas das bandas envolvidas conta com arranjo complexo, o que não casa com a proposta minimalista do videocast; no entanto, todas conseguem se virar muito bem desenvolvendo um tipo de versão alternativa com maestria. O Arcade Fire, por exemplo, subdivide a sessão baterística em batidas no teto do elevador (som do bumbo) e o próprio baterista rasgando uma revista (caixa) além de violino, viola, trompete, belos jogos de voz e, claro, violão. Resumindo, é algo meio acústico e meio improvisado.

The Arcade Fire - Neon Bible/Wake Up

A sombria Neon Bible tocada no elevador e, em seguida, a gloriosa Wake Up com os coros que merece.

Edward Sharpe & The Magnetic Zeros - Home/40-day dream

Cantoria das mais lindas; a música "Home" foi utilizada em várias trilhas sonoras nos últimos tempos.

Não posso afirmar que essas produções são a maior prova de qualquer coisa, porque provavelmente não são. Mas, definitivamente, são um caso a se estudar. Como pode a indústria engessar a produção e difusão de conteúdo - através da mídia que for - enquanto temos tantas ferramentas para a criação de um panorama exemplar de simplicidade, interação e, porque não, gestão artística? Até que ponto estamos acomodados com nosso mercado fonográfico e com a forma que consumimos música? E, pra fechar, de que precisamos pra fazer nosso próprio som?

Yeasayer - No need to worry/Redcave/2080/Tightrope

Pra esses caras aqui uma colher, um molho de chaves, garrafas de cerveja e amigos que cantem junto é mais que suficiente.

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